O sacramento da Eucaristia

1 - Sobre a Eucaristia, “sacramento de piedade, sinal de unidade, vínculo de caridade”, conforme nos ensina Santo Agostinho, e, na linguagem do Concílio Vaticano II (cf. SC  nº 47), “banquete pascal em que Cristo nos é comunicado em alimento”, podemos falar pobremente. Isto porque não existem palavras capazes de descrever tão excelso mistério. Sacramento dos sacramentos (cf. PO nº 5), a Eucaristia é, verdadeiramente, o centrro da vida cristã, a fonte de toda a  vida da Igreja, o vértice de toda celebração litúrgica (cf. CD nº 30,2), elemento, pois, mais profundo de edificação do edifício espiritual de Deus. Verdadeiro pão dos homens e dos anjos,  prelibação do banquete celeste (cf. GS nº 38), a Eucaristia é um forte apelo de fraternidade, de justiça e de paz, expressão viva da bondade de Deus em Cristo, que, pelo Espírito Santo, santifica sempre mais o templo do Deus vivo, a Igreja, que somos todos nós.

2 - A exemplo do Batismo e da Confirmação, a Eucaristia, como sacramento de iniciação cristã, vai exigir então profunda preparação, numa visível e forte conotação ou identificação com o mistério redentor de Cristo, celebrado na liturgia. A Eucaristia é, ao mesmo tempo, sacramento e sacrifício. Sacramento, de índole convivial, relacionada à ceia do Cenáculo, e sacrifício, enquanto relacionado ao sacrifício único da Cruz (cf. Hb 7,27; 9,28; 10,10.12),  sacrifício que é, pois,  perpetuado pela Eucaristia, como nos ensina a Igreja (cf. SC nº 47). Na convicção plena de sua missão de mãe e mestra, a Igreja ainda nos ensina: “Exerce-se a obra de nossa redenção sempre que o sacrifício da cruz, pelo qual Cristo, nossa Páscoa, foi imolado (cf. 1Cor 5,7), se celebra sobre o altar (cf. LG nº 3).  
 

3 - Falamos, porém, de preparação não apenas no sentido de primeira comunhão, mas no sentido amplo de uma aprendizagem cristã. Isto supõe um dever de todos os batizados, pois a vida cristã, verdadeira,  não existe sem a Eucaristia, e a Eucaristia não existe sem a ação da Igreja, corpo visível de Cristo, que somos todos nós.

4 - Toda a vida cristã deve ser, pois, uma vida eucarística, e toda a liturgia da Igreja vai girar então em torno desse sacratíssimo sacramento. Na verdade, a Eucaristia faz de todos nós pessoas crísticas, em pura realidade sacramental, fazendo de nós também sinais e sacramentos visíveis do amor de Deus, o que podemos afirmar sem nenhuma hesitação.

5 - Para a celebração do memorial do Senhor, que acontece na liturgia eucarística, os dons eucarísticos, como sinais verdadeiros da presença do Senhor, por ele mesmo escolhidos, são o pão sem fermento, chamado pão ázimo, e o vinho puro, ou seja, sem a desqualificação pelo vinagre. Diferente do rito latino, no rito oriental  usa-se o pão fermentado.

6 - A Eucaristia nos convida então a cultivar sempre uma piedade renovada, deixando nossos  corações transbordar-se da misericórdia do Pai, numa vida de partilha, de justiça e de paz. Na comunhão, quando nos é apresentado o Corpo do Senhor, o nosso “Amém” é um ato de fé profunda no mistério que celebramos, “Amém” que deve ser sempre mais verdadeira adesão à pessoa do Cristo Eucarístico, fazendo-nos entrar não somente em comunhão com Ele, mas também com todos os nossos irmãos, numa comunhão verdadeiramente universal, celeste e cósmica.
   

Nota: Em “LITURGIA” e “LITURGIA EM PARTES'' há um trabalho mais amplo sobre a Eucaristia. Por isso, aqui limitei-me a pequenas considerações sobre o sacramento.

João de Araújo

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