Introdução aos Sete Sacramentos

1 - No universo sempre límpido da Liturgia, com sua nota de viva espiritualidade redentora, aparecem também, como que gravitando em torno do Mistério Pascal de Cristo, não somente a Eucaristia, mas ainda os outros sacramentos.  Como pequena iniciação a cada um deles, propõe-se aqui uma série de reflexões e de considerações, sempre mostrando a sua riqueza na vida da Igreja e na vida de cada cristão.

2 - Então, como se vê, a Liturgia não se esgota na celebração da Eucaristia, nas ações próprias do Tríduo Pascal e na celebração e recitação do Ofício divino, mas se concretiza e se celebra também nos grandes acontecimentos da vida humana, nestes presentes um sinal de salvação, que aqui chamaremos de sacramento.

3 - Inicialmente, deve-se dizer que sacramento é um sinal visível, sensível  e eficaz de todo um mistério invisível, a nós transcendente.  Ele brota do Mistério Pascal de Cristo, como fruto, pois, da redenção operada por Deus no seu filho Jesus (cf. SC nº 61). Assim, sacramento é uma riqueza do Reino, de essência profundamente cristológica e eclesial.

4 - Na grande revelação do Pai, Cristo Jesus aparece a nós como o sacramento de Deus (cf. Jo 14,9-10), pois o Salvador revela a verdadeira face do Pai, de maneira visível e concreta, sem reduzir o mistério de Deus e sem ofuscar-lhe a transcendência.

5 - Mas assim como o Pai quis revelar-se a nós em seu Filho, assim também o próprio Filho de Deus vai revelar-se ao mundo através de um sinal mais propriamente seu, e este sinal, isto é, este grande sacramento de Cristo, é a Igreja (cf. LG 1e 48). E assim como Cristo, como Deus que é, revela toda a essência do Pai, do mesmo modo a Igreja, como o seu Corpo Místico e visível,  revela o filho de Deus em plenitude, e constitui, na verdade, a sua própria imagem. Aqui, pois, a realidade sacramental da Igreja.

6 - No exercício de sua missão redentora, aprouve a Cristo deixar, porém, em sua Igreja alguns sinais sensíveis e eficazes de sua presença e de sua graça, como vias normais de crescimento espiritual do povo de Deus. E assim temos os sacramentos da Igreja, não que ela os tenha criado, entendamos bem. Os sacramentos foram instituídos pelo próprio Cristo, a serviço de sua missão redentora, que a Igreja prolonga até o fim dos tempos.

7 - Os sacramentos marcam a presença de Deus no grandes acontecimentos da vida humana (cf. SC nº 61). Deus quer estar conosco nesses momentos. E quer que os santifiquemos também, de uma maneira prática e objetiva. Quais são eles então? Não diríamos, inicialmente, que se trata apenas de momentos positivos. Não. Também os momentos de dor, de incerteza, de fracasso, de doença. Assim fica mais fácil a sua compreensão. Conforme Santo Tomaz de Aquino, “existe uma certa semelhança entre as etapas da vida natural e as da vida espiritual”, analogia que o Catecismo da Igreja Católica aceita, sem hesitação.

8 - Façamos então uma pequena referência aos acontecimentos da vida. O nascimento, por exemplo, sempre foi de grande importância, não só para família, mas também para a Igreja e para a sociedade. Ele vai despertar nos pais principalmente uma grande alegria. Deus quer estar aí, chamando-nos a um novo tipo de nascimento, o nascimento espiritual, na inserção nossa em seu grande povo, a Igreja. Aqui Deus nos dá o sacramento do Batismo e, nele, a marca de Cristo, tornando-nos pelo seu Filho amado seus filhos adotivos.

9 - Quando crescemos fisicamente, um outro acontecimento importante. Começamos a viver de maneira mais viva a própria vida. Começamos a crescer também no conhecimento humano, já prestes a servir à comunidade dos homens pelo trabalho. E Deus nos chama então para uma opção mais consciente e definitiva pelo seu Reino, pois Ele reserva para  cada um de nós uma tarefa específica na vida da Igreja. Poderíamos dizer que é uma espécie de alistamento religioso, pobremente falando. Temos então aqui o sacramento da Confirmação ou Crisma.

10 - Como a vida cristã é uma vida de adesão à missão redentora do Filho de Deus, na construção do Reino e renovação do mundo, Deus nos chama para a vida sacramental da Eucaristia, o alimento que nos fortalece e nos confirma na missão própria do Filho de Deus, mantendo-nos sempre mais unidos ao Pai e aos nossos irmãos, na fraternidade.

11 - Quando caímos nas estradas da vida e sentimos o peso do pecado investir contra a nossa  vocação, aí encontramos Deus a nos socorrer com o sacramento da Confissão ou Penitência. Também, quando doentes, ou idosos, precisamos mais da eficácia de um remédio espiritual, não só para preparar-nos para o grande encontro com o Pai, se este for o seu desejo, mas também para termos a própria saúde física restituída, então Deus nos dá o sacramento da Unção dos Enfermos.

12 - Quando, humanamente crescidos e  formados para uma vida responsável, e no surgimento do desejo da vivência a dois, na sublimidade do amor, e desejosos de construir um lar, como pequena Igreja doméstica, no projeto de Deus, ele nos dá então o sacramento do Matrimônio. 

13 - Enfim, quando sentimos um impulso interior mais profundo, chamando-nos para uma vida totalmente ao serviço de Deus, na santificação dos homens e proclamação constante e contínua da glória do Pai, Deus nos dá então o sacramento da Ordem.

14 - Eis, pois, aí os sete sacramentos. Deles, três são indeléveis, isto é, só podem ser recebidos uma vez. Indeléveis, porque marcam definitivamente a vida para sempre. São eles: o Batismo, a Confirmação e  a Ordem. Três ainda são chamados de sacramentos de iniciação cristã, porque iniciam o fiel na missão consciente do Filho de Deus. São eles: o Batismo, a Confirmação e a Eucaristia. Dois ainda são chamados de sacramentos de cura, o da Penitência e o da Unção dos Enfermos, mostrando que Cristo “quis que sua Igreja continuasse na força do Espírito Santo, sua obra de cura e de salvação, também junto de seus próprios membros” (cf. CIC nº  1421). O Catecismo ainda chama de sacramentos do serviço da comunhão os sacramentos da Ordem e do Matrimônio, uma vez que contribuem não só para a salvação pessoal, mas também na do próximo.

15 - Vejam, pois, que todos os sacramentos são a marca da presença amorosa de Deus em nossa vida. Nas considerações e reflexões seguintes, faz-se uma pequena referência a cada um deles, como também uma pequena alusão à sua liturgia.  

João de Araújo

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