1 - Na Igreja Católica subsiste a comunhão plena de 23 Igrejas cristãs. Liturgicamente, são seis os ritos ou tradições litúrgicas, um latino e cinco orientais, todos, porém, legitimamente reconhecidos. São Igrejas autônomas e apostólicas, em plena comunhão com Roma, reconhecendo, pois, o primado do Sumo Pontífice, este então como “o perpétuo e visível princípio e fundamento da unidade de fé e comunhão” (LG 44a).
2 - Sobre as Igrejas Orientais Católicas, o Concílio Vaticano II, no Decreto “Orientalium Ecclesiarum”, diz: “A Igreja Católica tem em alta estima as instituições, os ritos litúrgicos, as tradições eclesiásticas e a disciplina da vida cristã das Igrejas Orientais” (OE n. 1).
3 - Esta verdadeira unidade na diversidade é própria, pois, da Igreja, riqueza, porém, que muitos cristãos latinos não conhecem, e, por desconhecerem, acabam reduzindo a Igreja Católica à Igreja do Ocidente. Paulo VI falava dos “dois pulmões” da Igreja, que são a Igreja do Ocidente e a do Oriente, e sempre falou o papa da necessidade de a Igreja respirar com seus dois pulmões.
4 - Devemos, pois, alegrar-nos e dar graças ao Senhor pela diversidade riquíssima de nossa Igreja: de um lado, o Ocidente, com suas celebrações festivas, vivas e solenes, muitas vezes inculturadas (como na América Latina), ora nas vozes do canto mais simples, porém harmonioso e alegre, ora nas vozes de canto mais elaborado, e até mesmo ao som do gregoriano (em mosteiros e em algumas igrejas); de outro, o Oriente, com seus diversos ritos, suas anáforas profundas e com o riquíssimo simbolismo de seus ícones. Tudo, pois, são preciosas manifestações de fé, que brotam de sadias culturas e de vivas tradições litúrgicas, que, na unidade e na centralidade pascal do mistério cristão, constituem no mundo o sinal vivo do reino de Deus e realizam o culto dos verdadeiros adoradores ao Pai.
5 - O Catecismo da Igreja Católica (n. 1200-1201) diz que “o mistério celebrado na liturgia é um só, mas as formas da sua celebração são diversas” e que “a riqueza insondável do mistério de Cristo é tal que nenhuma expressão litúrgica é capaz de esgotar sua expressão”. Daí, podermos concluir que é até necessária na Igreja a pluralidade e a diversidade dos ritos litúrgicos, mas - claro - mantendo a expressão de unidade eclesial, pois, como observa o Catecismo, “a diversidade litúrgica pode ser fonte de enriquecimento, mas pode também provocar tensões, incompreensões e até mesmo cismas” (n. 1206), podendo essa última observação ser real quando ausente, pois, o verdadeiro espírito de eclesialidade, assim também entendemos.
6 - Vejamos então, para uma compreensão mais objetiva, as Igrejas cristãs que formam a Igreja Católica, com a indicação também de seus respectivos ritos:
1 - Rito latino:
Celebra nesse rito:
1 - Igreja Católica latina
Observe-se que o rito latino, na sua amplidão, comporta também quatro ritos, dentro de si, cujas Igrejas que os adotam são, pois, Igrejas latinas. Assim, temos então no rito latino:
- Rito Romano (predominante em todo o Ocidente católico).
- Rito Ambrosiano (utilizado na Arquidiocese de Milão. Tem sua origem em Santo Ambrósio, bispo de Milão).
- Rito Moçárabe (oriundo dos árabes convertidos ao cristianismo, na Espanha, durante a reconquista. Durante muito tempo foi usado apenas numa capela da catedral de Toledo, a diocese primaz da Espanha, e em mais nove paróquias, mas, desde 1993, pode ser usado em todo o território espanhol).
- Rito Galicano ou Lionês (utilizado na Arquidiocese de Lyon, esta primaz da França).
Notas:
1ª) - A expressão “Igreja Católica Apostólica Romana”, muito usada ainda hoje, não é de ordem teológica, mas jurídica. O que caracteriza a Igreja de Cristo são as quatro “notas” fundamentais, essenciais e teológicas, como rezamos no credo Niceno-Constantinopolitano: una, santa, católica e apostólica.
2ª) - Ultimamente tem-se desenvolvido uma adaptação do rito da Igreja anglicana, para favorecer os anglicanos que se converteram recentemente ao catolicismo. Trata-se, pois, não de criar um novo rito, mas de se adaptar o rito anglicano propriamente dito ao rito católico. É mais uma medida feliz da Igreja, no campo litúrgico.
2 - Rito Bizantino:
Celebram nesse rito as seguintes Igrejas:
2 - Igreja Greco-Melquita Católica
3 - Igreja Grega Católica
4 - Igreja Ucraniana Católica
5 - Igreja Rutena Católica
6 - Igreja Eslovaca Católica
7 - Igreja Búlgara Católica
8 - Igreja Iugoslava Católica
9 - Igreja Húngara Católica
10 - Igreja Romena Católica
11 - Igreja Ítalo-albanesa Católica
12 - Igreja Georgiana Católica
13 - Comunidade Russa Católica
14 - Comunidade Albanesa Católica
15 - Comunidade Bielorrussa Católica
3 - Rito Armênio
Celebra nesse rito:
16 - Igreja Armênia Católica
4 - Rito Antioquino
Celebram nesse rito:
17 - Igreja Siríaca Católica
18 - Igreja Maronita
19 - Igreja Siríaca Malankar Católica
5 - Rito Caldeu
Celebram nesse rito:
20 - Igreja Siríaca Malabar Católica
21 - Igreja Caldeana Católica
6 - Rito Alexandrino (ou copta)
Celebram nesse rito:
22 - Igreja Copta Católica
23 - Igreja Etíope Católica
7 - Muitas das Igrejas orientais católicas estão presentes no Brasil, como a Ucraniana, a Ítalo-albanesa, a Comunidade Russa Católica, a Armênia, a Siríaca, a Maronita e a Melquita. (O Cardeal Eusébio Oscar Scheid, SCJ é, no Brasil, o Arcebispo Ordinário para os fiéis de Rito Oriental sem Ordinário próprio).
8 - Pela descrição acima, vê-se que o rito bizantino é predominante nas igrejas orientais, como vai predominar também na Igreja Ortodoxa. Esta, de rica liturgia, cultiva nas celebrações o valor sagrado dos ícones, em beleza incomparável. Não está, no momento, em comunhão com Roma, mas caminha para a comunhão plena, como desejamos todos nós e como têm-se esforçado os últimos pontífices, como João Paulo II e, principalmente agora, Bento XVI. Também nota-se por parte dos ortodoxos tal desejo de comunhão. Além disso, as diferenças entre as nossas Igrejas são de ordem disciplinar, não de ordem teológica, o que facilita grandemente a comunhão esperada. Rezemos para que o Senhor nos dê para muito breve a perfeita comunhão de nossas Igrejas, comunhão que desejamos também extensiva aos nossos irmãos protestantes, tornando, assim, atendida a oração sacerdotal de Cristo, em Jo 17,20-21 (súplica do Senhor ao Pai pela unidade de todos num só corpo eclesial), quando, pois, a Igreja atingirá a plena comunhão visível, para assim chegar à comunhão invisível, definitiva e eterna.
Nota: O número 1203, do Catecismo da Igreja Católica, nomeia sete ritos. Lá constam os ritos siríaco e maronita, que aqui estão identificados com o antioquino, e citando a SC n. 4, diz: “Obedecendo fielmente à tradição, o Santo Concílio declara que a Santa Mãe Igreja considera como iguais em direito e em dignidade todos os ritos legitimamente reconhecidos, e que no futuro quer conservá-los e favorecê-los de todas as formas”.
FONTES:
- Khatlab, Roberto: Igrejas orientais, católicas e ortodoxas, tradições vivas (Ed. Ave Maria)
- Pág. do Catolicismo Oriental - http//br.geocities.com/melquita (João Avelino)
- Catecismo da Igreja Católica
- Concílio Vaticano II (LG, SC e OE)
João de Araújo