Igreja, comunidade de salvação

1 - O Concílio Vaticano II, na Constituição Dogmática “Lumen Gentium”, em felizes considerações sobre a Igreja, no-la mostra com sua face bíblica e sacramental. Chamada a ser, antes de tudo,  Povo de Deus, a Igreja é então sinal referencial de salvação para  o mundo, ou seja, uma verdadeira comunidade de salvação, acolhendo a todos e a todos servindo no amor vivo e libertador do Evangelho.

 

2 - Unida ao seu Senhor, em peregrinação terrestre e escatológica, rumo à casa do Pai, esta comunidade de salvação está ciente de que está no mundo para serví-lo e para elevá-lo, humanizando-o, ciente também de que não pertence ela ao mundo, por isso  busca sempre as coisas do alto (cf. Cl 3,1), sem negligenciar, porém, as tarefas terrenas.  Ela tem consciência de que não é fruto de iniciativa humana e que, portanto, sua origem está na mente e no coração de Deus.

3 - Como comunidade de salvação, a Igreja é, necessariamente, comunidade de acolhida, como mãe verdadeira e sensível às necessidades de todos os seus filhos, sem excluir ninguém de seu manto acolhedor, abraçando em sua missão o plano salvador de Deus que nela se realiza. Deus Pai, no desígnio de sua bondade, quis elevar os homens à participação da vida divina,  oferecendo-lhes sempre os auxílios para a salvação, em vista de Cristo, o Redentor, pois o pecado, a queda do homem, não mudou o plano original de Deus, antes tornou a pobre criatura humana mais ainda objeto da misericórdia divina. Deus “presta socorro”, digamos assim, à fragilidade humana, e congrega na Igreja os filhos dispersos, como novo Israel (cf. Gl 6,16), que,   por Cristo e no Espírito Santo, visivelmente já manifesta o Reino de Deus presente no mundo. Assim, o mistério da Igreja manifesta-a antes de tudo como comunidade viva e de salvação.

 

4 - Numa volta então feliz e oportuna à verdadeira identificação  da Igreja, o Concílio Vaticano II vai, pois, referir-se a ela, afirmando, em rica eclesiologia, que  “aprouve a Deus santificar e salvar os homens não singularmente, sem nenhuma conexão uns com os outros, mas constituí-los num povo, que O conhecesse na verdade e santamente O servisse”. O povo de Israel foi figura desse novo Povo de Deus, a Igreja, e esta é hoje povo messiânico, verdadeira comunidade de salvação, tendo por cabeça Cristo, “o Qual foi entregue por nossos pecados e ressuscitou para a nossa justificação” (cf. Rm 4,25).

 

5 - Os cristãos, como povo eleito, têm por condição a dignidade e a liberdade de filhos de Deus, que lhes são conferidas pelo Batismo. Em seus corações habita o Espírito Santo, como num templo dedicado ao Senhor. Formando a Igreja, mesmo sem atingir ainda todos os homens,  esse povo aparece no mundo como germe firmíssimo de unidade e de esperança, pois, como Povo de Deus, é assumido por Cristo, que o torna também instrumento de salvação.

 

6 - Ensina-nos a fé católica que pelo Batismo todos se inserem na Igreja, o novo Povo de Deus, e se incorporam a Cristo, participando com ele do mistério da salvação, seja pela participação ativa na liturgia, principalmente pela celebração da Eucaristia, seja na vivência dos valores do Reino, em testemunho do amor eterno, numa dimensão, pois,  profética e missionária, onde o serviço aos irmãos, principalmente aos menos favorecidos, se torna prioridade e gesto de profunda nobreza cristã. Notemos então não só a grandeza de nossa vocação cristã, mas também a grande responsabilidade de nossa missão, que dela nasce, daí a necessidade de participarmos da vida  da comunidade, dando a nossa colaboração em suas pastorais.


João de Araújo

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