É noite, Senhor, e o mundo se aquieta.
A luz se ausenta, e ei-nos na escuridão.
Tu amas a noite, Senhor, eu sei.
Nela teu Filho nasceu e nela ressurgiu.
E ela nos fala de Ti.
Quiseste que, no seu silêncio e em suas trevas, enxergássemos mais longe.
E à noite podemos ver as estrelas!
* * *
Ao cair da noite, Senhor, quando a vida de Elias já se encontrava em declínio, tu passaste, em brisa mansa, levando mais ânimo e força celeste ao teu profeta cansado e sofrido (cf. 1Rs 19,4-12).
Revelavas-nos, naquele instante, que, em qualquer crepúsculo de nossa vida, Tu te manifestas como verdadeira força e verdadeira luz.
Na verdade, Senhor, és Luz sem ocaso. E, na amplitude do mistério, és Vida sem crespúculo.
Assim nos revelas, ó Pai bendito, para nosso consolo, que és mais misericordioso no momento em que nos vemos mais fracos e menos dignos de tua misericórdia.
* * *
É noite, Senhor.
É noite em nossos caminhos.
E é noite em nossas vidas.
Mas Tu não mais passas somente na brisa dos tempos e nos murmúrios da vida.
Agora, na face de teu Filho, tu te mostras em todos os momentos da vida, como Ele ensinou a Filipe e a todos nós (cf. Jo 14,8-10).
Estás, pois, agora e sempre, entre nós, em nós e conosco.
Assim, a cada momento, nos revelas um pouco mais de teu mistério de Deus.
E te serves de cada instante parra contar-nos mais um segredo de teu puro Amor.
João de Araújo