É noite, Senhor, e o mundo se aquieta.
A luz se ausenta, e ei-nos na escuridão.
Tu amas a noite, Senhor, eu sei.
Nela teu Filho nasceu e nela ressurgiu.
E ela nos fala de ti.
Quiseste que, no seu silêncio e em suas trevas, enxergássemos mais longe.
E à noite podemos ver as estrelas!
* * *
Um dia, Senhor, passeaste na brisa da tarde. Às vésperas da noite. Quando a luz do dia estava em declínio.
Revelavas-nos que é no declínio e na ausência da luz criada que te manifestas mais como verdadeira Luz.
Que estás, assim, mais vivamente no crepúsculo de nossa vida.
Como Luz sem ocaso. E como Vida sem crepúsculo.
E assim, Senhor, nos revelavas também, para nosso consolo, que és mais misericordioso no momento em que nos vemos menos dignos de tua misericórdia.
* * *
É noite, Senhor.
É noite em nossos caminhos.
E é noite em nossas vidas.
Mas tu não mais passeias somente na brisa da tarde.
Nem teu Filho nasce e ressurge somente na noite.
Estás, agora e sempre, entre nós, em nós e conosco.
E, a cada momento, nos revelas um pouco mais de teu mistério de Deus.
E te serves de cada instante para contar-nos mais um segredo de teu puro Amor.
João de Araújo