A árvore morta

Senhor, no silêncio da tarde, eu contemplo a árvore caída. Ela jaz, tristemente, à beira da estrada.

Sempre a vi qual mãe carinhosa, a embalar em seus ramos as aves do céu.

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Sempre vi viajores exaustos recobrar as forças no alento de suas sombras.

E sempre a vi, ornada de esperança, celebrar primaveras e refletir tua paz!

Mas ela ficou fraca, Senhor, misteriosamente fraca, e um dia sucumbiu ante a força impetuosa de ventos.

Ei-la, porém, agora, somente tristeza!

Por que as vidas, mais nobres e mais puras, são cedo atingidas em sua bondade?

Não, a árvore não está triste! Jamais também chamaria os ventos de impiedosos!

Revela-nos tão-somente que já viveu. Que já cumpriu sua missão de árvore, deixando-nos as sementes do bem. Com um dia lhe pediste, Senhor.

Oxalá, no crepúsculo de minha vida, contemplasse eu todos os meus dias e os visse como puro serviço a ti!

Como o louvor da árvore morta, a sugerir vivas e não luto!

A inspirar sentimentos vivos de bondade e a despertar nos corações somente o desejo de te amar e servir!

Ela viveu, Senhor, como tu a inspiraste. Realizou-se no teu plano divino de amor. Fiel à tua bondade, ela soube ser bondade.

Frutos, flores e sombras ela te ofertou, na simplicidade de uma vida.

E tu a puseste naquela estrada, Senhor, no caminho de minha peregrinação, para que eu, contemplando nela a sacralidade das coisas criadas, pudesse também mostrar aos homens como chegar definitivamente a ti.

João de Araújo

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João de Araújo - A árvore morta