Domingo da Páscoa e da Ressurreição

1 - O tema central do Domingo da Páscoa, como não poderia deixar de ser, é o da ressurreição do Senhor. “Deus o ressuscitou”, eis a frase principal (cf. At 10,40; Lc 24,34), como fórmula clássica da fé e da pregação cristã. Deus faz justiça ao Filho, ressuscitando-o (cf. Jo 16,10). Ressuscitado, Jesus mostra que as Escrituras falam dele com clareza (cf. Lc 24,25-27) e faz o coração dos discípulos arder (Lc 24,32), dando-lhes a conhecer no partir do pão (Lc 24,30-31). Assim, a ressurreição de Jesus nos dá a certeza de nossa própria ressurreição (cf. Jo 11,25; 14,1-4), como também a certeza de sua presença mais viva entre nós, principalmente quando nós a pedimos (cf. Lc 24,29).

2 - Na reforma da liturgia, somente o Natal e a Páscoa têm sua celebração com oitava, isto é, com um prolongamento da festa por oito dias, onde a liturgia dá ênfase ao tema central comemorado. Também, a exemplo do Natal, a missa do Domingo da Páscoa tem suas perícopes evangélicas mudadas, de conformidade com o fato histórico. Assim, na missa da noite (4ª parte da Vigília Pascal do Sábado Santo, ligada, em essência, à 2ª parte - Liturgia da Palavra), o Evangelho, segundo o ciclo anual de A, B e C (Mt 28,1-10; Mc 16,1-12 e Lc 24,1-12), sempre vai trazer o relato do sepulcro vazio e das aparições às santas mulheres. Já na missa do dia, o evangelho é de João (Jo 20,1-9), que relata a corrida de Pedro e de João ao sepulcro, diante do fato narrado pelas mulheres. Pode também ser o da Vigília Pascal. 

3 - Nas missas vespertinas, o evangelho pode ser o de Lc 24,13-35, que narra a desilusão dos discípulos de Emaús, na tarde daquele primeiro dia da semana, isto é, no Domingo da Ressurreição, quando então voltaram de Jerusalém para a aldeia, comentando todos os acontecimentos daqueles dias. Vê-se, pois, que as perícopes evangélicas narram os fatos de maneira cronológica, ou seja, na ordem própria dos acontecimentos.

4 - O Domingo da Páscoa é então o grande Dia do Senhor (Sl 118[117]), 24), que torna pascais todos os domingos e faz de todas as celebrações litúrgicas, centradas como estão no Mistério Pascal de Cristo, momentos salutíferos de redenção, de exaltação e de louvor ao Deus vivo e verdadeiro (cf. Ap 1,17-18). Seu clima é então continuação e plenificação ainda mais daquilo que falamos sobre a Celebração Eucarística da Vigília Pascal e, na qualificação litúrgica, ele é “o domingo dos domingos”, na expressão feliz de Santo Atanásio.

5 -  No evangelho da missa do dia (Jo 20,1-9), são interessantes alguns detalhes: Pedro e João, diante do relato das mulheres, correm ao sepulcro, mas João chega primeiro. Seria aqui o amor do “discípulo amado” a mostrar-se mais forte e dinâmico, por isso correu mais? Diz o evangelho que João, porém, não entrou no sepulcro. Seria esperar e respeitar a primazia do Príncipe dos Apóstolos? Pedro então chega, como diz o evangelho, vê os detalhes do sepulcro vazio e nele entra. Em seguida, entra também João, que “vê” e “crê”. A revelação de que “João vê e crê” seria uma virtude do “discípulo amado”? Como os dois discípulos de Emaús, Pedro e João não tinham também, ainda, compreendido as Escrituras.

Uma nota para o que aqui se expõe: Na redação destes episódios, segui o entendimento tradicional de que o “discípulo amado” era João, sem preocupar-me com entendimentos contrários de biblistas e exegetas.

6 - Vejamos então no Domingo da Páscoa um convite sereno para vivermos a ressurreição, desde já, na dinâmica do amor e da fraternidade. E Cristo, o Ungido de Deus, vai exigir de nossa vida que ela seja límpida, transparente, espelho do bem e sinal também de salvação, numa profunda sensibilidade para o amor fraterno, na prática da justiça, enfim como vida plenamente missionária.

7 - Finalmente, a partir deste domingo, até Pentecostes, começa a antífona mariana “Regina coeli” (“Rainha do céu, alegrai-vos...”), na oração noturna, chamada “Completas”, da Liturgia das Horas. Com o Domingo da Páscoa começa também o Tempo Pascal, que se encerrará em Pentecostes. Para os Santos Padres, o Tempo Pascal é como "um grande Domingo", com duração de cinquenta dias.

Leituras bíblicas do Domingo da Páscoa:

 

1ª leitura: At 10,34a.37-43

 

Salmo 118(117),1-2.16ab-17.22-23

 

2ª leitura: Cl 3,1-4 (ou 1Cor 5,6b-8)

 

Evangelho: Jo 20,1-9  - (ou o Evangelho da Vigília) – À tarde pode ser: Lc 24,13-35

João de Araújo

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João de Araújo - Domingo da Páscoa e da Ressurreição