A apresentação dos dons

1 - A Igreja formalizou a Liturgia Eucarística com os quatro gestos de Jesus no Cenáculo: 1 – “Ele tomou o pão... tomou o cálice... (=apresentação dos dons) 2 – ... deu graças...(=Oração Eucarística) 3 – ...partiu o pão... (=rito da fração do pão ou “Cordeiro de Deus”) e 4 – ... e deu aos seus discípulos” (=Rito da comunhão).

2 - Como sabemos, este momento da Liturgia é de preparação da mesa da Páscoa, e de preparação cuidadosa, como se deu historicamente na Quinta-feira Santa (cf. Lc 22,7-13; Mt 26,17-19; Mc 14,12-16). A apresentação dos dons é então o primeiro dos quatro gestos de Jesus no Cenáculo. O nome "ofertório" para este momento é impróprio, por não expressar a verdadeira realidade da Liturgia. O verdadeiro ofertório só se faz depois da Consagração, ou narrativa institucional.

3 - Nestes ritos, que preparam a Liturgia Eucarística, podemos distinguir três momentos: a preparação do altar, que é feita pelo diácono, ajudado pelos acólitos; a procissão das oferendas, feita por membros da assembleia; e a apresentação dos dons, feita pelo sacerdote.

4 - Em rito processional, os dons são trazidos ao altar e, durante o rito, pode-se cantar um canto, ou então executar um interlúdio musical. O canto aqui não é tão importante como se costuma fazer, às vezes até mais bem elaborado do que outros mais importantes, tanto que, na liturgia, quanto à graduação, é considerado canto suplementar. Ele não precisa falar necessariamente de oferta, de pão e de vinho, mas também não deve ser um canto qualquer, como simples enfeite. É preferível que se cante também somente até as oferendas ser colocadas no altar (IGMR - n. 74), dando "chance" à assembléia - diríamos - de acompanhar os ritos do altar, deles participando mais vivamente.

5 - Na procissão das ofertas, são também recebidos o dinheiro ou outros dons entregues pelos fiéis para os pobres ou para a comunidade eclesial. Lembremo-nos de que somente o pão e o vinho são colocados sobre o altar. Os outros dons trazidos, se houver, são colocados aos pés do altar ou então em algum recipiente para isso preparado. Na procissão dos dons, devem atuar membros da assembleia, previamente convidados, conforme a tradição da Igreja (cf. IGMR - n. 73c e 140), evitando assim que seja feita por ministros com função já própria na celebração.

6 - A mistura da água ao vinho, na pequena gota que o sacerdote coloca no cálice, é de um simbolismo muito rico. Não deveria, pois, passar despercebida. É a nossa pequenez, simbolizada na gota d'água, colocada no mar imenso da bondade de Deus, com as palavras litúrgicas do presidente: "Pelo mistério desta água e deste vinho possamos participar da divindade do vosso Filho, que se dignou assumir a nossa humanidade".

7 - Também são riquíssimas as palavras na apresentação dos dons do pão e do vinho: "Bendito sejais, Senhor, Deus do universo, pelo pão...", e "Bendito sejais, Senhor, Deus do universo, pelo vinho...", a que a assembleia responde com palavras também de bendição: "Bendito seja Deus para sempre!". Acontece que, na orientação do Missal, essas palavras são ditas pelo sacerdote em voz baixa. Somente na ausência de canto ou de interlúdio musical, podem ser ditas em voz alta, com as respostas da assembleia (cf. IGMR n. 142b).

8 - Não menos expressivo é ainda o rito do "Lavabo", em que o sacerdote diz, em silêncio: "De coração contrito e humilde, sejamos, Senhor, acolhidos por vós..." (IGRM n. 143) e, depois, lavando as mãos, diz também em silêncio: "Lavai-me, Senhor, de minhas faltas e purificai-me de meus pecados" (IGMR n. 76 e 145). Salvo melhor juízo, diríamos que somente essa última oração deveria ter o sentido privado, como oração pessoal do presidente, rezada então em silêncio. Em seguida, encerrados os ritos da apresentação, o sacerdote convida a assembléia a orar com o "Orai, irmãos...", a que todos respondem: "Receba o Senhor por tuas mãos..."

9 - Portanto, quando se canta sistematicamente em todo esse momento, o que, diga-se, não é "proibido", mesmo sem a procissão dos dons (cf. IGMR n. 74), pode haver um “desperdício” de tanta riqueza que a liturgia oferece. Fica, porém, a liberdade de escolha, da equipe litúrgica e da assembleia.

10 - Em celebrações mais festivas, pode-se também incensar neste momento: os dons colocados sobre o altar, depois o altar (pelo sacerdote); em seguida, é incensado o sacerdote, por causa de seu ministério sagrado; e, depois, a assembleia, em razão de sua dignidade batismal. Estas duas últimas incensações são feitas pelo diácono ou por outro ministro (IGMR - 75 e 144).

João de Araújo

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