Questões sobre o aborto

1 - Como disse um grande teólogo, o direito à vida é o fundamento de todos os demais direitos. O primeiro pecado histórico foi o de Caim, matando o irmão Abel (cf. Gn 4,8). Num Estado, pois, onde o aborto, ou qualquer outro crime, é permitido, não se pode falar em "estado de direito". O Estado jamais poderá descriminar o que é, por natureza, criminoso.

2 - Diálogo de Cristo com o jovem rico: "Se queres entrar para a vida eterna, guarda os mandamentos". Quais? pergunta ele. "Não matarás...", responde Jesus (cf. Mt 19,17-18).

3 - A vida humana é inviolável. Procede de um ato criador de Deus. A morte de um ser humano inocente é crime monstruoso. Não há autoridade que a possa legitimar. O Concílio Vaticano II classifica o aborto não só como atentado contra a vida (cf. GS 27c), mas como crime nefando (GS 51b).

4 - A ciência genética moderna demonstrou que, a partir do momento em que o óvulo é fecundado, inaugura-se uma nova vida (que não é a do pai nem a da mãe). Portanto, trata-se de um princípio antes de tudo natural, antropológico. Vê-se, pois, que a questão do aborto não é primeiramente uma questão de fé, mas uma questão que diz respeito ao direito natural, que não pode ser ignorado por ninguém.  

5 - A vida humana nunca seria realmente humana se já não o fosse desde a concepção. Aí já existe o SER, a pessoa completa, corpo e espírito. Após a concepção, nada ocorre, pois, de novo que possa alterar a natureza do ser.

6 - O direito da mulher sobre o próprio corpo, tão propagado, mesmo que fosse legítimo, não lhe daria poder sobre outros corpos. São Paulo diz que o nosso corpo é templo do Espírito Santo e que portanto não pertencemos a nós mesmos (cf. ICor 6, 19). Portanto, se não pertencemos a nós mesmos, segundo as Escrituras, como ainda ousamos atentar contra o corpo de outros, principalmente de crianças indefesas? 

7 - O que, por natureza, é inviolável não pode estar sujeito a violação por circunstâncias meramente sociológicas e culturais.

8 - O risco de vida para a mãe não legitima o aborto, porque, dentro da ordem natural, é a mãe quem renuncia à vida em favor do filho. A prática já mostrou o heroísmo de mães nesse sentido, e quase todas sobreviveram, porque a natureza está sempre do lado da vida.

9 - A violência não dá direito à violência. Assim, no estupro, a criança, por exemplo, não tem culpa para ser vítima. O filho, no seio da mãe, mesmo em casos de estupro, não é um invasor, ou agressor injusto.

10 - Cultura da morte, feminismo exarcebado, permissivismo sexual, menosprezo pela maternidade, deboche à virgindade e aplausos à infidelidade, ou seja, degradação de costumes e relativismo moral, eis os caminhos que só podem levar à insensibilidade e, consequentemente, ao aborto.

11 - Cristo, no seio de Maria, ainda informe, faz tremer João Batista, já aos seis meses, no seio de Isabel (cf. Lc 1,41). A vida portanto, de acordo com a Bíblia, como vemos, começa com a concepção. Mas a revelação bíblica vai mais longe: "Antes mesmo de te formar no seio materno, eu te conheci" (cf. Jr 1,5). E ainda: "Fostes vós que me formastes as entranhas e no seio de minha mãe vós me tecestes". "Nenhuma sequer de minhas fibras ignoráveis..." "Ainda informe, os vossos olhos me olharam, e por vós foram previstos os meus dias..." (Sl 138(139) 13.15a-16a).

 

João de Araújo

 

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