Oração Eucarística

CENTRO DINÂMICO DA EUCARISTIA

1 - Celebrar a Eucaristia é fazer o memorial da morte e ressurreição do Senhor (“Fazei isto em memória de mim”), cumprindo assim a ordem de iteração dada pelo Senhor no Cenáculo. A Oração Eucarística é pura ação de graças que a Igreja, unida a Cristo e pelo seu sacerdócio, eleva ao Pai. A fé cristã tem na Eucaristia todo o Mistério Pascal de Cristo, acontecimento fundamental de nossa salvação. Nele se encontra, pois, o cerne de nossa profissão de fé, a qual se identifica principalmente como fé trinitária e na ressurreição. Para a importância do Mistério Pascal, a nossa memória deve estar sempre voltada em cada celebração, e é bem provável, talvez, que a tenhamos de educar para tal espiritualidade, que nos é pedida e que de nós é esperada. Na Oração Eucarística se concretiza o segundo gesto de Jesus no Cenáculo: ... “deu graças...”

2 - A Oração Eucarística, chamada também anáfora, é o centro dinâmico da Eucaristia e podemos entendê-la como fonte e norma de toda manifestação da Igreja orante. É a mais importante das orações presidenciais e, como as demais, não deve ser entendida como oração do presidente, e sim da Igreja, que reza pela boca do sacerdote, pois o sacerdote, neste momento, é a língua comum da Igreja, como ensinam Teodoro de Mopsuéstia e São João Crisóstomo em suas mistagogias eucarísticas. Em união espiritual com ele, reza toda a assembleia, em escuta ativa, pois “nossos ouvidos materialmente ouvem, mas é nossa boca que teologicamente fala”.

3 - Há portanto uma diferença na experiência de “escuta” na Liturgia e que seria bom que a assembleia assimilasse: na Liturgia da Palavra, quem fala é Deus, pela boca do leitor, e nós ouvimos, em “escuta receptiva”. Já na Liturgia Eucarística, quem fala somos nós, a Igreja, pela voz do sacerdote, e os ouvidos de Deus ouvem. Escutamos, sim, a voz do sacerdote, mas como “nossa própria voz”, que podemos chamar então de “escuta ativa”.

4 - Na celebração da Eucaristia tem lugar, pois, de destaque a Oração Eucarística, e por esta a Igreja, como povo de Deus e como comunidade de batizados, não só professa a sua fé eucarística, mas também manifesta sua compreensão mais nítida do mistério cristão, pois as orações eucarísticas, com suas raízes judaicas, são um tesouro da eucologia cristã. Elas refletem a fé da Igreja, ao mesmo tempo rezada e crida. São a “Lex orandi” a serviço da “Lex credendi”, ou seja, a norma da oração instruindo a norma da fé, como aconteceu nos primeiros séculos da Igreja, sobretudo no exemplo efetivo dos Santos Padres.

5 - Toda a Oração Eucarística nos mostra o memorial do Senhor envolto em louvor e proclamação. Assim, “desde o prefácio até a doxologia final confessamos a grandeza e a proximidade de Deus”, e na confissão humilde de nossa fragilidade, aprendemos a dar prioridade às iniciativas de Deus, e não às nossas próprias forças. Em tais orações, e com mais precisão nas orientais, encontramos, quase sempre, em seus primeiros elementos, uma descrição pormenorizada das maravilhas de Deus ao longo da história da salvação, culminando com a nova aliança em Cristo Jesus. No corpo da Oração Eucarística, mais precisamente no Prefácio e no Pós-Santo, entendidos aqui como elementos da seção anamnética, antes, pois, da Consagração, vemos então a Eucaristia lida, no seu significado mais profundo, à luz da história das alianças. Nas do Ocidente, destaca-se a IV Oração Eucarística, tanto em memória salvífica quanto em cristologia histórica.

ORAÇÕES EUCARÍSTICAS DA IGREJA LATINA

6 - Possui a Igreja latina 14 orações eucarísticas: o Cânon Romano, primeira oração, que vigorou na Igreja desde o século IV; as três novas (II, III e IV), que o missal de Paulo VI colocou, em 1968, ao lado do Cânon Romano; a V oração, que nasceu do Congresso Eucarístico de Manaus; a VI, “para várias circunstâncias”, do Sínodo Suíço, que, com relação ao prefácio e à primeira intercessão, comporta quatro variantes, com títulos próprios (I - A Igreja a caminho da unidade; II - Deus conduz sua Igreja pelo caminho da salvação; III - Jesus, caminho para o Pai; e IV - Jesus, que passa fazendo o bem. No Missal, tais orações vêm assim numeradas: VI-A, VI-B, VI-C e VI-D). Finalmente, duas orações sobre reconciliação (I e II), publicadas em 1975, por ocasião do Ano Santo; e três para missas com crianças (I, II e III), publicadas em 1974.

João de Araújo

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João de Araújo - Oração Eucarística