Função ministerial do salmista

 

1 - Na missa, como voz da Igreja, após a primeira leitura, com um pequeno intervalo, o salmista canta ou recita o Salmo Responsorial. Na voz do salmista, a assembleia celebrante é chamada a uma resposta à palavra de Deus ouvida. Trata-se de diálogo: Deus fala, em comunicação descendente, e a Igreja responde, em comunicação ascendente. Mas responder à Palavra divina só é possível com outra palavra sagrada. Daí ser aqui um salmo. O salmo responsorial é portanto um prolongamento da primeira leitura, em sentido lírico-meditativo.

2 - Na prática, do ambão, o salmista, usando o Lecionário, canta ou recita o refrão, seguido da repetição pela assembléia, no mesmo tom, continuando depois o salmista com o canto das estrofes, intercalando entre elas a resposta do povo. Esta é a maneira tradicional, também judaica, de cantar ou recitar os salmos. Mas, um detalhe: o salmista não deve repetir com o povo o refrão após as estrofes, como se vê em muitas celebrações, principalmente quando o refrão é de fácil memorização.

3 - Quando a missa se une a um dos momentos da Liturgia das Horas, a salmodia desta é cantada ou recitada nos moldes do Ofício Divino, ou seja, no início e no fim do salmo recita-se ou canta-se a antífona própria, encerrando-se o salmo com o “Glória ao Pai...”, antes, porém, da antífona. No caso aqui referido, nada impede que sejam dois os salmistas, um para a salmodia da Liturgia das Horas, e outro para o salmo da missa.

4 - Para o exercício de seu ministério, o salmista deve cultivar a espiritualidade sálmica, tanto quanto possível, pois o ideal é que ele saiba identificar a sua voz com a do autor sálmico. Aqui pode surgir, porém, alguma dificuldade, pois os sentimentos de quem agora salmodia podem não ser os do autor sálmico. Por exemplo: o salmista está feliz, mas o salmo fala de tristeza, de angústia etc.. Ou, então, o contrário: o salmista está triste, e o texto sálmico é de alegria, de exultação, de louvor. Para tanto, ser-lhe-á útil não apenas conhecer o gênero literário do salmo (de louvor, de súplica, de penitência etc.), mas também reconhecer que ele salmodia não em nome pessoal, mas em nome da Igreja, aplicando a si mesmo a exortação de São Paulo: “Alegrai-vos com os que se alegram, chorai com os que choram” (cf. Rm 12,15).

5 - Outro dado importante é saber que o salmo não é uma oração composta em prosa, mas poema de louvor (cf. IGLH n.103), e mesmo quando recitado ou rezado predomina seu caráter musical. Vê-se, pois, que, por tudo o que aqui foi afirmado, o ministério do salmista distingue-se - e muito - do ministério do leitor.

João de Araújo

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